domingo, 12 de maio de 2013

Parque Gasômetro

          Porto Alegre está passando por uma fase de intensa transformação, principalmente em função da realização da Copa de 2014. Concordo que o legado deixado por um evento dessa proporção é um dos principais fatores de aceitação dos transtornos por parte da população, além, é claro, do fato de tratar-se de futebol, um esporte venerado no país. Mas, ninguém está imune às visíveis perdas que a cidade vem sofrendo por conta da flexibilização de leis, usada sem muito critério, e do autoritarismo das decisões, deixando um rastro de erros de difícil reparação.
          A liberação de grandes edificações na Orla do Guaíba e entorno, principalmente nas regiões próximas aos estádios de futebol; a remoção de parcela da população, colocando as famílias em condições precárias; o enorme aporte de dinheiro que está sendo gasto nestes projetos, enquanto questões como saúde e educação, ficam relevadas a um segundo plano, são exemplos das cicatrizes que ficarão justapostas aos supostos legados. Dessa cicatrizes, uma que será lamentada historicamente é a descaracterização do Parque Gasômetro, uma demanda surgida da comunidade e que teve sua criação prevista no Plano Diretor, por ocasião de sua revisão em 2009.

Foto: https://www.facebook.com/AmbienteMaiss

          O sonho do Parque Gasômetro, que iniciou há 6 anos, previa a ligação entre as praças Brigadeio Sampaio, Júlio Mesquita, Ponta do Cais Mauá e Orla do Gasômetro, de forma que os automóveis passassem por baixo dessa ampla área verde, possibilitando o livre trânsito de pedestres e bicicletas. Conforme o movimento Viva Gasômetro: 
Desde o primeiro momento expressávamos nosso desejo quanto à forma e à extensão do Parque, a forma que desejamos é com "entrincheiramento" dos carros e por cima deste um gramado unindo as praças Brigadeio Sampaio, Júlio Mesquita, Ponta do Cais Mauá e Orla do Gasômetro. A extensão, sempre defendemos, que o Parque tivesse início na Praça Brigadeiro Sampaio-logo após o término dos prédios do Exército- passando na frente da Usina e finalizando este junto a rótula onde esta localizada a escultora de pedras de Xico Stockinger. Esta é a nossa proposta, esta e somente esta. (fonte: Blog do Movimento Viva Gasômetro)
       Tudo isso está ameaçado com a proposta da prefeitura, apresentada em 2 de maio numa reunião com os promotores do Meio Ambiente, que aponta alguns pontos de negociação, tais como a remoção da estrutura do aeromóvel e a revisão do estacionamento previsto para a Praça Júlio Mesquita, mas não se compromete em manter o Parque Gasômetro como o idealizado pela comunidade. É importante lembrar que o referido parque teve sua criação estabelecida por lei, por ocasião da revisão do Plano Diretor da cidade. Nas disposições transitórias, em seu art. 154, inciso XXI, existe a previsão de um prazo de 18 meses para a edição de uma lei específica para definir o tamanho e a forma do parque. Contudo, até hoje isso não aconteceu, dando espaço para a proposta do polêmico projeto, que iniciou com o corte de 14 árvores localizadas em frente à Usina e prevê a duplicação da avenida Edvaldo Pereira Paiva. Tal projeto dividirá, de forma irreconciliável, um espaço de convivência do Centro Histórico e é frontalmente contrário ao anseio não só da comunidade, como de grande parte dos porto-alegrenses, que têm ali sua referência de lazer e cultura.  
        Na semana em que vamos discutir sobre os logradouros públicos, dentro da série de audiências públicas que embasarão o novo Código de Convivência Urbana, é importante trazer a questão do aguardado Parque Gasômetro para a pauta. Em 16 de maio, a Justiça vai se pronunciar sobre o assunto. É importante a mobilização para barrarmos um projeto que é frontalmente contra a vontade da comunidade, trazendo danos irreparáveis não somente ao meio ambiente, mas, acima de tudo, na qualidade de vida da população, privando-a de um local consagrado de convívio e cartão postal da cidade.

Audiência pública sobre logradouros será dia 14 de maio, ás 19h, na Câmara dos Vereadores. 
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