quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Buscamos Herederos!

Nos dias 23 e 24 de outubro, na cidade de Buenos Aires (Argentina), ocorreu o evento promovido pela ONG Basta de Demoler, do qual participaram representantes dos países da Bacia do Prata: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Foi o 2º Encuentro de Gestón de Patrimonio Arquitectónico y Urbano Cuenca del Plata, cujo tema foi "Buscamos Herederos".

O tema proposto, a busca por sucessores, tem sentido, pois a luta pela preservação de nossa história e memória parece estar se afastando do cotidiano das novas gerações, pelos mais variados motivos. Estavam presentes neste encontro pessoas que estão nesta batalha há muitos anos e que têm enfrentado todos os tipos de dificuldades que encontramos na defesa de nossos bens, em especial, nosso patrimônio material.
Ao longo das falas, ficou muito evidente que temos obstáculos comuns, embora possamos estar em diferentes níveis de desenvolvimento de políticas patrimoniais protetivas. Um dos painéis discutiu questões jurídicas dos diversos países, onde se viu que existem leis de proteção do patrimônio, sendo que algumas estão sendo alteradas, como é o caso do Paraguai. Já no Uruguai, existe uma proposta de utilização de critérios objetivos e numéricos, para determinar benefícios para os proprietários de bens a serem protegidos.
Palacio Roccatagliata (Foto: Maxi Failla)
Contudo, chama a atenção que, embora exista legislação protetiva em todos os países, ela tem sido sistematicamente ignorada, quando é necessária sua aplicação contundente. E disso decorre um enfraquecimento da atuação cidadã, que precisa sempre ter fundamentos legais para justificar suas reivindicações. Mas, aparentemente, o inverso não parece ser exigido, chegando ao extremo da ONG que organizou o evento estar respondendo na justiça, por ter exercido seu direito de reivindicar a proteção de bens históricos, como foi o caso Palacio Roccatagliata.
Em comum, também, é a perda quase que diária de bens patrimoniais, quer seja por negligência dos proprietários, sejam eles particulares ou públicos, quer seja por interesses da especulação imobiliária. O mais comum é que ambos estejam associados, resultando a demolição de nossa história e memória.
O movimento Chega de Demolir Porto Alegre, que teve seu nome e atuação inspirado no Basta de Demoler, foi convidado a participar, através de sua articuladora, Jacqueline Custódio. O caso que foi apresentado foi o do Cais Mauá e toda mobilização popular para a preservação do patrimônio histórico e pela lisura dos procedimentos administrativos, que devem visar o interesse público, acima de tudo.

Como resultado do evento, houve uma aproximação dos diversos movimentos em prol do preservação de nosso bens e de nossa identidade, oriundo dos 4 países, numa troca extremamente importante para conseguirmos avançar nas lutas não só de manutenção de referenciais de nossa memória, mas pela busca de uma qualidade de vida para todos.


Para assistir o que foi discutido, acesse os vídeos disponíveis no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Xzmd76cJk28 (este tem a apresentação do Chega de Demolir Porto Alegre -  minuto 28 até 1h e 4 min)