Estamos a 4 dias da audiência pública, prevista por lei, para que o Cais Mauá do Brasil S/A apresente o relatório sobre o impacto ambiental que o empreendimento vai causar. São milhares de folhas, que foram exitosas como peça publicitária, mas que deixaram muito a desejar quanto questões como mobilidade urbana, contrapartidas e patrimônio histórico, que, aliás, é um dever manter, já que são bens tombados. O único armazém que não era, está previsto sua demolição para a construção do shopping center.
Como estamos na semana da dita audiência, o consórcio que está planejando as intervenções no cais decidiu investir em publicidade de forma maciça. No dia 9 de setembro, quarta-feira, a Sra. Julia Costa, presidente da Cais Mauá do Brasil S/A, teve um espaço no Jornal Zero Hora para expressar sua opinião sobre o empreendimento. No mesmo dia, escrevi para o jornal, pedindo espaço semelhante, para prestar algumas informações que seriam relevantes para a população. Recebi da Sra. Suzete Braun, Editoria de Opinião ZH, a seguinte mensagem: "Obrigada pela colaboração. Será avaliada a publicação.Um abraço". Adivinhem se foi publicada? Não!
Assim, divido com vocês minha indignação, com a parcialidade do jornal (esperado, claro), com o poder da grana da empresa, que está cobrindo Porto Alegre de publicidade, mas não fala sobre shopping e torres, e faz uma audiência pública numa zona nobre de Porto Alegre (Grêmio Náutico União - parceiro da empresa, como consta no site do Cais Mauá do Brasil), longe da comunidade afetada. Não consegui falar tudo sobre o que se sabe de irregularidades do processo que envolve a "revitalização" do Cais Mauá. Mas é o primeiro capítulo.
Abaixo, a opinião que foi enviada e não foi publicada pela ZH, usando os 2.100 caracteres permitidos:
Cais Mauá, nosso patrimônio material e imaterialDesconheço alguém que não queira de volta o Cais Mauá. Porto Alegre sonha, há muitos anos, em desfrutar daquele espaço, que diz tanto de sua história e que é sua identidade. Quem não quer aproveitar um dos mais belos entardeceres desse mundão, tomando seu chimarrão e conversando com os amigos?
No entanto, ao acompanhar o caminho pelo qual o atual projeto do Cais Mauá percorreu até aqui, vejo alguns problemas. O primeiro e mais básico é não ter ouvido o que o cidadão quer para sua cidade? A participação popular tem sido nula em todo o processo. E fazer a audiência pública no dia 18 de setembro, na sede do Grêmio Náutico União, e não na comunidade onde pretendem implantar o empreendimento, é mais uma prova disso.O fato é que tal projeto nasceu como um plano de negócios, no qual, para que se sustente, está prevista a construção de torres de 100m de altura e um centro comercial às margens do Guaíba. Será que é mesmo isso que Porto Alegre quer num lugar tão simbólico e representativo? Quando os empreendedores falam do projeto à população, quase nunca enfatizam isso.
O projeto se diz balizado pelo respeito ao patrimônio histórico. O que é uma obrigação, já que existem bens tombados pela União e Município. Inclusive, o Pórtico Central já recebeu recursos federais para seu restauro, há alguns anos atrás. Mas o que, de concreto, já ocorreu foi a destruição de 7 dos 11 guindastes que compunham o perfil do cais. Eram tombados e havia diretrizes específicas para que eles fossem preservados e valorizados. E a possibilidade de danos ao patrimônio está sendo investigada por órgãos competentes.
Ainda, para construir o centro comercial, com 2.200 vagas de estacionamento, está prevista a demolição do último armazém (A7), ao lado da Usina do Gasômetro. É o único que não recebeu a proteção do tombamento, mas não há dúvida de que ele faz parte de um conjunto característico, que deveria ser mantido integralmente.
Queremos olhar para o Cais Mauá e nos sentirmos de casa, com orgulho de preservar nossa identidade, desfrutando de um lugar integrado com a cidade e aberto a todos.
Isso mesmo....concordo com mo raciocínio que gostaria de ver o cais sendo tratado como os gauchos merecem e querem......cidade moderna é a que preza sua identidade!!!!
ResponderExcluirA história se faz de memórias, de preservação e auto estima.
ResponderExcluirA velha e péssima zeagá não falha em ser parcial.
ResponderExcluirInfelizmente, não temos o poder econômico do empreendedor. Mas temos o poder político e precisamos conseguir utilizá-lo para construir a cidade para as pessoas. A informação é uma das armas. Temos que sensibilizar o maior número de pessoas para a causa!
ExcluirRevitalização não é sinônimo de modernidade, mas o que o poder público quer é modernidade com parcerias de alto poder econômico que construam torres, shopping, afastando a população da orla do rio que hoje se chama lago para especulação ser maior ainda !!!
ResponderExcluirRevitalização não é sinônimo de modernidade, mas o que o poder público quer é modernidade com parcerias de alto poder econômico que construam torres, shopping, afastando a população da orla do rio que hoje se chama lago para especulação ser maior ainda !!!
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